Ex-coordenador fez das famílias da Apae suas vítimas mais silenciosas

Paulo Henrique Muleta Andrade, o ex-coordenador da Apae, tem se mostrado um verdadeiro mestre na arte de prejudicar aqueles que mais precisavam de ajuda. Em meio a investigações de desvio de mais de R$ 8 milhões de recursos públicos destinados ao tratamento de pacientes ostomizados, Muleta se destaca por suas movimentações financeiras suspeitas e por um plano mirabolante de fugir para a Europa, agora com o acréscimo de uma tentativa de esconder parte do dinheiro desviado em contas de terceiros. Quem diria que alguém envolvido com a Apae, uma instituição que deveria ser um farol de apoio às famílias de pessoas com deficiência, se tornaria sinônimo de fraude e desonestidade? O pior de tudo é que, enquanto as famílias estavam nas filas aguardando tratamentos essenciais, ele estava planejando sua fuga, mostrando que a dor alheia nunca foi uma preocupação para ele.

Enquanto isso, a Apae, em uma nota sem grandes surpresas, se descolou de Muleta, alegando ser vítima da situação. Não é para menos: a indignação é evidente, pois são os recursos da instituição, repassados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que foram desviados. Ao longo de 57 anos de história, a Apae sempre prezou pela ética, diz a nota, o que é um belo e solitário esforço diante da devastação provocada por um ex-coordenador que não pensou duas vezes antes de prejudicar famílias que já enfrentam tantas dificuldades.

Muleta não se limitou a desviar os recursos, ele foi além, tentando ainda se proteger de investigações e de punições, com o claro objetivo de dificultar a ação das autoridades. Ele movimentou R$ 411 mil para contas de terceiros, numa tentativa notável de embaraçar a investigação. O Ministério Público, com sua agilidade, já apontou que o ex-coordenador estava não apenas fugindo da Justiça, mas também tentando cobrir seus rastros financeiros, uma tentativa evidente de proteger seu patrimônio desviado.

Parece que a figura de Muleta não é uma exceção, mas parte de um esquema bem arquitetado de corrupção e fraudes em licitações, que envolvem até empresas de fachada para simular vendas ao setor público. Mas, por algum motivo, ele não se contentou com o “trabalho” realizado no Brasil. Não satisfeito com os R$ 8 milhões desviados, Muleta ainda planejava um empréstimo milionário para garantir sua fuga do país, preferindo uma cidadania italiana a prestar contas por seus atos. Uma verdadeira demonstração de quem não tem a menor consideração pelos que mais precisam, como as famílias atendidas pela Apae.

A prisão de Muleta, esta semana, em decorrência de sua tentativa de obstrução das investigações, deveria ser vista como uma vitória da justiça. No entanto, resta a pergunta: quantas vezes mais ele será capaz de enganar e manipular antes de finalmente ser julgado por tudo o que fez? Sua prisão é um lembrete claro de que a impunidade, infelizmente, não é uma certeza. O que fica é uma imensa falta de confiança no sistema de fiscalização das entidades que recebem verba pública.

Muleta está preso, mas o peso das suas ações será carregado pelas famílias que confiaram na instituição. Cada um dos R$ 8 milhões desviados poderia ter proporcionado cuidados, tratamentos e serviços essenciais para as pessoas com

deficiência de Campo Grande. Agora, o que se espera é que a justiça não apenas puna o ex-coordenador, mas também que este caso sirva de alerta para que nunca mais alguém use uma instituição de caridade como campo de exploração financeira.

Como é possível que alguém tão desonesto tenha conseguido operar dentro de uma instituição que deveria ser um exemplo de solidariedade? A resposta talvez esteja em um sistema que, por vezes, não funciona da forma como deveria. No entanto, o julgamento de Muleta é o primeiro passo para devolver a confiança àqueles que ainda acreditam na boa fé de quem trabalha com a sociedade, mas a lição a ser aprendida não deve ser esquecida.

O ex-coordenador da Apae, Paulo Muleta, deveria ser uma lembrança amarga do mal que um indivíduo pode causar à sociedade. Para as famílias que dependem dos serviços da Apae, o mal não se resume ao desvio de dinheiro, mas à quebra da confiança em uma instituição que, até então, era um símbolo de esperança.

Compartilhe
Notícias Relacionadas
© 2024 O Consumidor News
Desenvolvido por André Garcia - www.conffi.com.br