Adriane e Manga trocam figurinhas enquanto o povo coleciona problemas

Enquanto Campo Grande afunda em buracos, mato alto, filas na saúde e farmácias sem remédio, a prefeita Adriane Lopes decidiu que era hora de “somar forças” com um colega… peculiar. Recebeu a ilustre visita do prefeito de Sorocaba (SP), Rodrigo Manga — mais conhecido por suas dancinhas no TikTok do que por qualquer contribuição relevante ao debate público.

O encontro institucional, segundo o comunicado da prefeitura, serviu para discutir desenvolvimento econômico, o já batido Pacto Federativo e outras “pautas de interesse nacional”. Mas convenhamos: se depender do repertório da prefeita Adriane e do histórico do visitante, a única coisa que vai se desenvolver com esse encontro é a paciência do contribuinte.

Rodrigo Manga não chega exatamente com boas credenciais. No último dia 17, o Ministério Público de São Paulo aceitou uma denúncia de racismo contra ele, após um vídeo nas redes sociais associar jovens negros à violência doméstica. Mas nada disso impediu Adriane de posar sorridente ao lado do prefeito influencer, como se estivessem selando uma aliança entre gestões exemplares — só que não.

O discurso é aquele de sempre: “somar forças”, “garantir melhorias”, “trabalhar pelo Brasil”. Enquanto isso, o povo de Campo Grande tropeça em calçadas esburacadas, espera meses por uma consulta médica e torce para não precisar de medicamentos que vivem em falta na rede pública. Mas tudo bem, o importante é que a prefeita está preocupada com o Pacto Federativo.

Aparentemente, a ideia é fortalecer os municípios. Mas como acreditar nessa proposta quando Campo Grande mal consegue cuidar do que é seu? A prefeitura não dá conta nem da passarela do Lago do Amor, que desabou na primeira chuva após uma obra milionária sem licitação — quanto mais do pacto entre entes federativos.

No encontro, também foi prometida uma atuação conjunta na Frente Nacional de Prefeitos. Resta saber se essa “atuação conjunta” se refere a gestão pública de verdade ou à troca de figurinhas no WhatsApp com vídeos coreografados e discursos prontos para o Instagram.

Para Adriane Lopes, o apoio de Manga parece estratégico: ambos compartilham o gosto por holofotes e pelo populismo digital. Pena que o povo de Campo Grande precisa de ações concretas — e não de alianças simbólicas com figuras que enfrentam denúncias sérias enquanto gravam dancinhas e esquetes de gosto duvidoso.

Enquanto isso, nos bairros da capital, moradores seguem esperando melhorias que não chegam. O pacto que o cidadão quer é simples: menos selfie, mais serviço. Mas, pelo visto, isso não estava na pauta da reunião.

No fim do encontro, prometeram “buscar soluções”. Mas quem mora em Campo Grande já conhece essa ladainha. O único pacto que se fortalece é o da enrolação, enquanto a cidade se desmancha sob a maquiagem de discursos federativos e agendas coreografadas.

E assim, entre uma visita e outra, Adriane segue tocando sua gestão com a leveza de quem não sente o peso da responsabilidade. Porque, pelo visto, enquanto o povo carrega a cidade nas costas, a prefeita carrega… o Rodrigo Manga.

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