Durante a última campanha eleitoral, a então candidata à reeleição Adriane Lopes percorreu as ruas de Campo Grande agarrada a uma figura de peso: a senadora Tereza Cristina. Aliadas de ocasião, as duas prometeram mundos e fundos ao povo, com direito a selfies, tapinhas nas costas e aquele velho discurso olho no olho: “Estamos juntas por Campo Grande!”. E estavam mesmo — pelo menos até o último santinho ser entregue e a última urna ser apurada.
Mas bastou a poeira eleitoral baixar e o caos bater na porta da saúde pública para Tereza Cristina sumir. A senadora, que até outro dia se apresentava como a “madrinha” da prefeita, agora parece estar ocupada demais para enxergar os buracos nas ruas, as filas nos postos e, principalmente, o “calote” milionário aplicado pela prefeitura na Santa Casa.
Aliás, será que Tereza Cristina leu a decisão judicial que apontava R$ 46,3 milhões de dívida da prefeitura com o hospital? Ou será que, nesse caso, o “olhar pelo povo” é seletivo e só funciona em época de campanha? É que quando a prefeita Adriane Lopes precisa de apoio institucional para enfrentar a crise sanitária, quem aparece é o silêncio.
E o que dizer sobre o pedido do Ministério Público Federal pela cassação e inelegibilidade da prefeita e sua vice, Camila Nascimento? Um escândalo que, em qualquer democracia minimamente vigilante, derrubaria apoios políticos em massa. Mas não. A senadora, que deveria se manifestar como liderança, faz de conta que não é com ela. Parece que quando a maré vira, o barco da lealdade some do cais.
A população de Campo Grande está sendo castigada por uma gestão desastrosa e sem rumo. A cidade virou laboratório de improvisos, abandono e maquiagem institucional. E a pergunta que ecoa entre as paredes dos postos lotados e das escolas caindo aos pedaços é sempre a mesma: cadê a senadora Tereza Cristina, que jurou defender essa cidade?
A memória popular pode ser curta, mas não a ponto de esquecer quem ajudou a colocar Adriane Lopes no cargo. A aliança entre elas não foi apenas política — foi uma promessa pública. E quando se promete olhando nos olhos do povo, o mínimo que se espera é coragem para olhar de volta nos momentos difíceis.
O que vemos, no entanto, é uma liderança que escolheu se esconder quando o povo mais precisa. Uma senadora que prefere o conforto dos bastidores a enfrentar a dura realidade das ruas. Mas o eleitor é menos ingênuo do que supõem certos estrategistas: ele sabe que o silêncio também é escolha, e que omissão também é posicionamento.
A cidade está sangrando, senadora. E sua ausência fala mais alto do que qualquer discurso bonito de campanha. Porque é fácil posar ao lado de prefeita em tempos de aplauso. Difícil é permanecer ao lado do povo quando o circo desaba.
E agora, senadora Tereza Cristina? Vai continuar sumida ou vai lembrar que Campo Grande também é sua responsabilidade?