Prefeita garante 6º maior salário do País enquanto servidores amargam anos sem reajuste

Enquanto os servidores públicos de Campo Grande vivem a amarga realidade de 3 anos sem reajuste salarial, a prefeita Adriane Lopes (PP) segue, intransigente, em sua escalada para garantir um salário 66% maior. Ao que parece, o corte nas gratificações dos guardas municipais e dos enfermeiros que trabalham em áreas distantes, e o congelamento dos salários dos servidores desde 2022 não são suficientes para fazer a gestão repensar suas prioridades. Mas, claro, um aumento de R$ 21.263,62 para R$ 35.462,27 para a prefeita parece ser a solução para todos os problemas da cidade.

Em um movimento que ocorreu quase nas sombras, com o projeto sendo discutido e votado durante a Semana Santa, Adriane Lopes assegura para si o 6º maior salário entre as prefeituras das capitais brasileiras. O que ela não menciona, é que, enquanto seu subsídio aumenta, mais de 30 mil servidores municipais seguem sem a reposição da inflação, com cortes significativos em benefícios e um apagão salarial no funcionalismo público que já dura anos. A proposta de um aumento de 66% no salário da prefeita é não só um escárnio com a classe trabalhadora, mas uma afronta à própria população, que vê sua saúde e educação sucateadas.

Entre os cortes mais cruéis estão as perdas dos adicionais de difícil acesso para guardas municipais e enfermeiros, que viram seus salários caírem até 60% em algumas situações, enquanto o aumento da prefeita vai de vento em popa. Essa medida é ainda mais desconcertante quando observamos o desdém demonstrado pela gestão, que corta direitos dos servidores e, ainda assim, finge que isso está dentro da “capacidade financeira” do município.

Em 2023, as tentativas de aumento salarial para Adriane Lopes chegaram a ser suspensas pela Justiça, que alegou inconstitucionalidade no valor exorbitante que a prefeita tentava receber. No entanto, com a manobra política de agora, o reajuste de R$ 41,8 mil foi substituído por uma versão mais “modesta” de R$ 35.462,27, ainda assim colocando a prefeita no topo da pirâmide salarial das capitais brasileiras. Este aumento ocorrerá, convenientemente, em meio a um projeto de lei que sequer foi amplamente discutido com a sociedade, o que só aumenta as suspeitas de que a gestão tenta esconder sua falta de transparência.

É impossível ignorar o contraste entre o privilégio salarial da prefeita e a realidade dos servidores públicos, especialmente os da saúde e da educação, que enfrentam as maiores dificuldades e são tratados com total desrespeito. Não há justificativa para esse aumento, a não ser uma gestão autoritária e desconectada da realidade do funcionalismo e da população. Quando as condições de trabalho para aqueles que realmente fazem a cidade funcionar estão cada vez piores, um aumento de 66% para a prefeita é a confirmação do abismo entre a gestão municipal e a realidade dos campo-grandenses.

Ao que parece, o distanciamento entre a administração municipal e a população nunca foi tão grande. Enquanto os servidores amargam a falta de reconhecimento, Adriane Lopes se coloca como a “pobre coitada” que não pode ser culpada pela situação fiscal da cidade. E, em mais uma jogada de mestre, a decisão que favorece o aumento foi tomada em um momento onde a atenção da

população estaria voltada para o feriado, evitando maiores protestos ou questionamentos.

Com essa manobra, a prefeita não apenas escancara sua falta de empatia, mas demonstra um desrespeito absoluto pela classe trabalhadora, que enfrenta uma realidade de cortes, atrasos e, sobretudo, um total descaso da administração pública. Enquanto a prefeita e sua equipe garantem salários milionários, o povo de Campo Grande paga a conta com a precarização dos serviços públicos essenciais. Até quando a gestão de Adriane Lopes ignorará as necessidades da população e continuará a priorizar seu próprio bolso?

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