Parece que ser servidor público em Campo Grande é um trabalho que exige flexibilidade, mas não da maneira que você imagina. Os funcionários lotados no gabinete do vereador Beto Avelar (PP) descobriram isso da forma mais humilhante possível: obrigados a trocar a caneta pela enxada e a sair do conforto do gabinete parlamentar para, simplesmente, limpar praças públicas da cidade. E tudo isso, é claro, sem nenhum aviso prévio e, pior, sem que isso tenha sido parte de suas funções originais.
Sim, você leu certo: em vez de se dedicarem ao trabalho legislativo que, teoricamente, seria sua principal função, os servidores de Beto Avelar se viram em um trabalho braçal nas ruas, limpando praças públicas como se estivessem em um programa de voluntariado forçado. A situação, que é no mínimo absurda, gerou uma revolta generalizada entre os servidores. Afinal, nada no contrato de trabalho deles indicava que fariam parte de um serviço de limpeza urbana para agradar ao vereador ou qualquer outra autoridade.
O que mais impressiona, além da falta de respeito com os funcionários públicos, é o fato de que Beto Avelar parece ter elevado sua moral com a prefeita Adriane Lopes com essa atitude, o que não deixa de ser irônico. Enquanto os servidores são forçados a fazer trabalhos manuais e indignos de sua função, o vereador, por sua vez, pode se vangloriar diante da prefeita de sua grande dedicação ao trabalho… se é que podemos chamar isso de “dedicação”.
Em um momento em que a cidade clama por melhorias nos serviços públicos e infraestrutura, o que se vê são servidores sendo tratados como peões e usados como parte de um jogo político. Aí está a verdadeira preocupação do vereador: não com a melhoria da cidade ou a qualidade de vida dos cidadãos, mas com sua projeção pessoal e político-partidária, uma verdadeira “ajuda mútua” entre ele e a prefeita Adriane Lopes, que parece ser mais uma moeda de troca política do que uma verdadeira preocupação com a administração pública.
E os servidores? Bem, esses não foram consultados sobre sua nova função, muito menos receberam qualquer tipo de orientação ou preparação para a mudança de tarefas. Simplesmente, foram deslocados de seus postos no gabinete para assumir uma função completamente diferente da que assinaram ao entrar no serviço público. Essa falta de respeito com o trabalhador não é apenas uma falha de gestão, mas uma demonstração clara da falta de valorização daqueles que realmente fazem o trabalho no município.
A revolta é completamente compreensível. Como esperar que servidores públicos possam se sentir motivados a exercer suas funções com dignidade quando são tratados como instrumentos descartáveis, jogados de uma função para outra sem qualquer consideração? E o pior: esse tipo de atitude tem o objetivo de fazer com que o vereador ganhe pontos com a prefeita, enquanto os funcionários pagam o preço de sua ambição política.
O mais irônico é que, enquanto Beto Avelar se gaba de sua “prestatividade” em realizar essas tarefas, a cidade de Campo Grande continua cheia de problemas sérios. A precariedade dos serviços, como saúde, educação e segurança, é um reflexo da verdadeira falta de compromisso com as questões essenciais, que
não são tratadas como prioridade. Mas, no jogo político do vereador, aparentemente o que importa é o relacionamento pessoal com a prefeita, e não a qualidade dos serviços prestados à população.
Os funcionários, por sua vez, são apenas peças em um tabuleiro político, movidas por interesses partidários e pessoais, e sem qualquer direito à dignidade. O fato de serem forçados a fazer o trabalho sujo, sem qualquer explicação ou compensação, só reforça o quanto Beto Avelar é desrespeitoso com o funcionalismo.
E a moral de toda essa história? O que fica claro é que, enquanto os servidores são tratados como peões de um jogo político, a cidade segue à deriva, sendo governada por interesses políticos baixos, e não por uma gestão que realmente se preocupa com as necessidades da população. O escárnio é tamanho que, no fim, quem mais perde é quem mais se dedica: os funcionários públicos, que, ao invés de serem valorizados, são usados como marionetes em um teatro político de interesses pessoais.