Campo Grande na UTI

A saúde pública de Campo Grande, sob a gestão da prefeita Adriane Lopes (PP), respira por aparelhos — e, se depender da atual administração, até esses já estão em falta. Uma pesquisa do Instituto Ranking Brasil Inteligência escancarou o que a população já sente na pele (e nos ossos, nas filas, nas dores não atendidas): 46% dos campo-grandenses classificam o sistema de saúde como ruim ou péssimo, enquanto apenas 20,3% ousam chamá-lo de bom ou ótimo. O restante, provavelmente, estava ocupado esperando quatro horas ou mais por atendimento nas UPAs.

A realidade nas unidades de saúde da Capital não é apenas crítica — é desumana. Segundo o levantamento, 62,8% dos pacientes enfrentam longas horas de espera, cenário que se repete diariamente, como um roteiro de terror mal dirigido por uma prefeita que prometeu resolver tudo com fé, flores e vídeos nas redes sociais. Na prática, o único milagre que se vê é o cidadão ainda ter coragem de procurar atendimento.

Não bastasse o descaso explícito, 70% dos entrevistados afirmaram desaprovar o atendimento no SUS em Campo Grande. Um número estarrecedor, mas que não surpreende quem já teve que procurar um médico e saiu com um “volta outro dia” ou, pior, com uma receita sem remédio disponível. Aliás, na campanha, Adriane chegou a dizer que a falta de medicamentos era culpa de um funcionário sabotador. E pensar que ainda teve gente que acreditou.

Com gestão plena na saúde, a Prefeitura é a responsável direta pela administração do sistema — e a população sabe disso. Tanto que 62,3% dos entrevistados apontaram o município como culpado pelo colapso, contra apenas 20,6% que mencionaram o Governo Federal e 10,4% que citaram o Estado. Quando o barco afunda, não adianta jogar a culpa no marinheiro de fora: o leme sempre esteve nas mãos da prefeita.

Para quem sonha dar passos mais altos na política, Adriane Lopes mostra uma incapacidade surpreendente até para administrar uma simples unidade básica de saúde. O caos é geral: prédios malconservados, falta de médicos e de medicamentos e limpeza questionável. Nada escapa do diagnóstico de calamidade.

A pesquisa revelou que 93,3% da população depende exclusivamente do SUS — ou seja, não se trata de uma minoria insatisfeita, mas da imensa maioria da cidade. Gente que não tem convênio, nem alternativa. Gente que, quando adoece, precisa da rede pública para sobreviver. E o que encontra é desprezo, abandono e desculpas.

Entre as prioridades apontadas pela população, a campeã é a contratação de mais médicos (28%), seguida por melhorar o atendimento (20%) e garantir a compra de mais remédios (16%). Detalhe importante: até o hospital municipal que foi prometido segue como promessa jogada no limbo da ineficiência.

A situação das UPAs, como era de se esperar, também foi lembrada: superlotadas, sem estrutura e funcionando no limite do insuportável. Os próprios

funcionários relatam sobrecarga, e os pacientes, ao que tudo indica, foram condenados à penitência de esperar sem fim.

E, para fechar com chave de ferro velho, 4,5% dos entrevistados apontaram uma solução direta e objetiva para a crise: trocar a prefeita. Simples assim. Talvez seja o único remédio realmente eficaz nesse caso. E, diferentemente dos outros, esse a população poderá receitar.

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