Numa cidade onde o bom senso parece estar de plantão — mas sempre ausente —, uma médica do Samu decidiu inovar nos protocolos de urgência: só atende se o pedido for feito por quem está no local da emergência. Foi o que ouviu uma enfermeira desesperada ao tentar socorrer a própria mãe, que convulsionava na casa de uma vizinha. Mesmo explicando a situação, ouviu da profissional do outro lado da linha que não poderia acionar a ambulância. O detalhe que transforma a história em escárnio: a base do Samu fica a apenas 1,5 km do local, enquanto a filha, que teve que abandonar o plantão de trabalho, percorreu 7,7 km no trânsito caótico do horário de pico para socorrer sua mãe. Resultado? Uma idosa convulsionando sem atendimento, uma profissional da saúde obrigada a correr contra o tempo, e um serviço público que parece mais preocupado com a distância da ligação do que com a gravidade do quadro. Uma emergência tratada com frieza burocrática e ausência de humanidade.