Campo Grande, a capital que um dia sonhou em ser modelo de qualidade de vida, hoje amarga o título de capital do improviso na saúde pública. Com 213 pacientes à espera de uma vaga em hospital, a maioria adulta e residente da própria cidade, a gestão da prefeita Adriane Lopes bate mais um recorde: o da ineficiência com justificativa pronta.
A tragédia já virou rotina: leitos? Não tem. Santa Casa? Superlotada. UPA? Virou hospital de campanha permanente. E a resposta da prefeitura? Criar “mini-hospitais” dentro das próprias UPAs, como se colocar um curativo em fratura exposta fosse resolver o problema. A solução improvisada só escancara o que todos já sabem — a saúde pública em Campo Grande entrou em colapso, e com aval oficial.
A tal reunião do COE, ocorrida no dia 2 de abril, reuniu autoridades para decidir o que fazer diante da catástrofe. A estratégia? Reforçar equipes volantes, mandar doentes pra casa e instalar câmeras de segurança. Sim, isso mesmo: em vez de leitos, monitoramento por vídeo. Ao que tudo indica, a prioridade da gestão é vigiar os pacientes, não tratá-los.
A realidade bate à porta com números vergonhosos: um único leito hospitalar para cada 607 pessoas em MS, quando o mínimo recomendado pela OMS é de 3 a 5 por mil habitantes. São apenas 4.556 leitos SUS para todo o Estado, e mesmo os 1.300 leitos contratualizados pela prefeitura já estão ocupados. É o caos institucionalizado.
Na fila de espera, há 195 adultos e 18 crianças, alguns com doenças respiratórias graves, aguardando por um espaço que simplesmente não existe. O mais irônico é ver a prefeitura pedindo análise rigorosa para ver quem pode “ser liberado pra casa”, como se o problema fosse o paciente querer demais, e não a prefeita fazer de menos.
Enquanto isso, a prefeitura finge governar, com discursos vazios e reuniões protocolares. A prefeita Adriane Lopes, que parece ter terceirizado sua responsabilidade para o acaso e para os aplicativos da Guarda Municipal, continua alheia à dor que assola os moradores da cidade.
É preciso dizer com todas as letras: o colapso da saúde em Campo Grande tem nome e sobrenome, e ele atende por Adriane Lopes. Sua administração falhou em planejamento, em execução e, acima de tudo, em empatia. Transformou as UPAs em cenário de guerra e a Santa Casa em símbolo de descaso.
Diante desse cenário desumano, os órgãos de controle e fiscalização não podem mais se esconder atrás do protocolo. O Ministério Público, o Tribunal de Contas, a Defensoria Pública — alguém precisa intervir. Urgente. Antes que a fila vire obituário.
Porque uma cidade que trata paciente como número e saúde como improviso, precisa, no mínimo, de uma prefeita que não trate o cargo como adereço
eleitoral. Chega de maquiagem, chega de desculpas. Campo Grande quer respeito, não mais um “mini” paliativo para um problema gigante.