Em Campo Grande, ser médico convocado pode trazer vantagens que a maioria dos mortais jamais imaginaria. Que o diga Bruno César Casal Santos, que conseguiu a proeza de estar simultaneamente bebendo e trabalhando – ao menos no papel. Durante seu “plantão fake”, assinado por ele mesmo e ratificado pela Coordenadora de Urgência Ana Paula Cangussu, o médico sofreu um acidente de moto alcoolizado e, pasmem, ainda recebeu pelas 24 horas de um serviço que nunca prestou.
O episódio escancara a teia de proteção e conluio dentro da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau), onde a regra parece ser proteger os seus, não importa o absurdo. O acidente aconteceu às 22h do dia 17 de agosto do ano passado, quando Bruno, embriagado, bateu sua moto em um ponto de ônibus. Ele foi resgatado por equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), recebeu atendimento na Santa Casa e, como num passe de mágica, foi liberado por ninguém menos que Rosana Leite, sua médica assistente de confiança – que, por uma coincidência conveniente, também ocupa o cargo de Secretária Municipal de Saúde.
Durante o socorro, os profissionais do SAMU relataram que, ao retirar o capacete, Bruno confessou estar alcoolizado. Apesar de escoriações no rosto e perda relativa de consciência, não apresentava fraturas nem necessidade de medicação. Mesmo assim, foi levado à Santa Casa e, surpreendentemente, recebeu alta rapidamente – como se nada tivesse acontecido.
Mas o que realmente chama atenção é o desdobramento administrativo da história. Em vez de responder por sua conduta irresponsável, o médico não foi exonerado e, para coroar a impunidade, recebeu pagamento integral por um plantão de 24 horas que jamais cumpriu. Afinal, para que trabalhar quando se tem amigos no lugar certo?
O detalhe sórdido da história é que Ana Paula Cangussu, a Coordenadora Geral de Urgência que assinou o relatório desse plantão fantasma, estava dentro da ambulância do SAMU no momento do resgate. Sim, a mesma pessoa que deveria fiscalizar a lisura dos plantões presenciou tudo de perto e, ainda assim, garantiu que a fraude fosse oficializada.
E se a planilha do plantão foi assinada no dia 17/08, por que diabos ela só foi elaborada no dia 31/08, conforme o rodapé do documento? Coincidências demais para uma história que tem tudo, menos lógica. Na prática, a Sesau mostra que, quando se trata de proteger os seus, nem a mais escancarada das irregularidades parece ser suficiente para gerar consequências.
O caso de Bruno não é um escândalo isolado, mas sim um retrato fiel da blindagem institucional que se tornou rotina dentro da administração municipal. O esquema de proteção é tão sólido que, mesmo diante de um flagrante abuso, as engrenagens continuam girando sem qualquer consequência para os envolvidos. Seria um erro pensar que essa impunidade acontece por acaso.
Mas o que realmente chama atenção é o desdobramento administrativo da história. Em vez de responder por sua conduta irresponsável, o médico não foi exonerado e, para coroar a impunidade, recebeu pagamento integral por um plantão de 24 horas que jamais cumpriu. Afinal, para que trabalhar quando se tem amigos no lugar certo?
O detalhe sórdido da história é que Ana Paula Cangussu, a Coordenadora Geral de Urgência que assinou o relatório desse plantão fantasma, estava dentro da ambulância do SAMU no momento do resgate. Sim, a mesma pessoa que deveria fiscalizar a lisura dos plantões presenciou tudo de perto e, ainda assim, garantiu que a fraude fosse oficializada.
E se a planilha do plantão foi assinada no dia 17/08, por que diabos ela só foi elaborada no dia 31/08, conforme o rodapé do documento? Coincidências demais para uma história que tem tudo, menos lógica. Na prática, a Sesau mostra que, quando se trata de proteger os seus, nem a mais escancarada das irregularidades parece ser suficiente para gerar consequências.
O caso de Bruno não é um escândalo isolado, mas sim um retrato fiel da blindagem institucional que se tornou rotina dentro da administração municipal. O esquema de proteção é tão sólido que, mesmo diante de um flagrante abuso, as engrenagens continuam girando sem qualquer consequência para os envolvidos. Seria um erro pensar que essa impunidade acontece por acaso.