Colheita de fraude: Dracco desmonta esquema bilionário de ICMS

Mais uma vez, o Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco) mostrou que crime sofisticado não escapa da inteligência policial em Mato Grosso do Sul. Nesta semana, a Polícia Civil deflagrou a Operação Colheita Fantasma, que desmontou um esquema bilionário de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e uso sistemático de empresas de fachada para lesar o erário.

Com apoio da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz-MS) e da Receita Federal, a ação executou mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Ivinhema, além de prender temporariamente o principal articulador da fraude. Também foram bloqueados bens e contas no valor de R$ 20 milhões, uma tentativa de frear a sangria que já causou prejuízos monumentais.

As investigações revelaram um modus operandi profissional e perverso: empresas de fachada, em nome de laranjas, emitiam notas fiscais eletrônicas simulando a venda de grãos que nunca existiram. A operação fantasiosa gerava créditos de ICMS fraudulentos, utilizados para abater dívidas ou revendidos no mercado, causando um rombo fiscal superior a R$ 100 milhões.

O mais escandaloso é que, mesmo após a interrupção de algumas empresas envolvidas, os criminosos seguiam com a fraude ao abrir novas pessoas jurídicas. Uma clara demonstração da audácia e da estrutura organizada do grupo, que movimentou mais de R$ 1 bilhão em transações fictícias desde 2020.

Além de ferir gravemente os cofres públicos estaduais, o golpe atingiu também a esfera federal, evidenciando a complexidade e abrangência do esquema. A Polícia Civil, ao lado dos órgãos de controle fiscal, demonstrou competência e agilidade para agir com precisão contra crimes de colarinho branco, muitas vezes encobertos por fachadas empresariais aparentemente legítimas.

A operação integra a segunda fase da Renorcrim, rede nacional criada para fortalecer o combate às organizações criminosas. A coordenação nacional da ação é da Senasp, por meio da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi), garantindo articulação entre estados e União no enfrentamento ao crime econômico.

Durante as buscas, foram apreendidos documentos fiscais, registros contábeis, contratos e equipamentos eletrônicos que devem ampliar o alcance das investigações. Todo o material será analisado minuciosamente, com foco na responsabilização penal, patrimonial e tributária dos envolvidos.

A Colheita Fantasma reforça o papel estratégico do Dracco no enfrentamento a esquemas de corrupção complexos. Não se trata apenas de desmantelar quadrilhas, mas de proteger os cofres públicos, impedir a continuidade de fraudes estruturadas e garantir que quem lesa a sociedade seja exemplarmente responsabilizado.

Ao agir com eficiência e articulação interinstitucional, o Dracco reafirma seu papel como guardião da legalidade em Mato Grosso do Sul. Que essa operação

sirva de alerta: não há terreno fértil para a impunidade quando a colheita é feita com o rigor da lei.

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