O caos administrativo gerado pela exoneração em massa de servidores comissionados no final do ano passado continua a impactar milhares de trabalhadores da Prefeitura de Campo Grande. Apesar de o ato ter sido amplamente criticado, a prefeita Adriane Lopes não demonstrou qualquer iniciativa para corrigir o problema, agravando a situação ao não renomear os servidores até a data de fechamento da folha de pagamento, em 20 de janeiro de 2025.
Os servidores, que ocupam cargos essenciais em diversas pastas municipais, seguem desempenhando suas funções sem qualquer garantia legal ou financeira. A falta de nomeação oficial significa que esses trabalhadores estão exercendo suas atividades sem a certeza de que receberão os salários de janeiro. A incerteza financeira que isso gera é um golpe duro, especialmente no início do ano, quando muitas famílias enfrentam despesas extras.
A omissão da gestão municipal em resolver essa situação também levanta sérias dúvidas sobre a priorização da administração. Enquanto os servidores permanecem em situação irregular e sob forte pressão por resultados, apenas aqueles ligados ao grupo político da prefeita foram convenientemente nomeados, reforçando suspeitas de apadrinhamento e favorecimento.
O clima de apreensão é visível entre os trabalhadores. Muitos temem não conseguir arcar com suas obrigações financeiras no próximo mês, alimentando um sentimento generalizado de abandono por parte da gestão municipal. “Estamos trabalhando no escuro, sem saber se teremos nossos direitos respeitados. Enquanto isso, a prefeita segue ignorando nossas demandas”, desabafou um servidor que preferiu não se identificar.
Além da instabilidade financeira, a situação também prejudica a população, que depende dos serviços públicos impactados pela desorganização. Áreas como saúde, educação e assistência social enfrentam dificuldades para manter a qualidade no atendimento devido à falta de servidores regularizados e ao clima de insatisfação generalizada.
Especialistas apontam que a inércia da administração pode ter consequências legais. “Manter trabalhadores em atividade sem nomeação oficial configura irregularidade administrativa e fere princípios constitucionais”, destacou uma jurista consultada pela reportagem. Ela também alertou para os riscos de a situação desencadear uma onda de ações judiciais contra a prefeitura.
O silêncio da prefeita Adriane Lopes sobre o tema é ensurdecedor. Em um momento tão delicado, a falta de transparência e de respostas concretas por parte da gestão reforça a percepção de descaso. Essa postura contrasta com as promessas de campanha de priorizar a população e valorizar os servidores municipais.
Enquanto isso, a incerteza domina o cotidiano de quem depende da prefeitura, seja para trabalhar ou para receber serviços essenciais. O impacto da crise vai muito além dos servidores, alcançando toda a cidade. É urgente que a prefeita assuma a responsabilidade e tome medidas concretas para resolver a situação, devolvendo dignidade aos trabalhadores e estabilidade aos serviços públicos.
A continuidade dessa situação é um retrato preocupante de uma administração que parece mais preocupada em preservar interesses próprios do que em garantir direitos e serviços à população. Cabe agora à sociedade exigir explicações e soluções para o desgoverno que tomou conta da Capital.