O Natal milionário dos secretários de Adriane Lopes

Enquanto boa parte da população de Campo Grande precisou “somar as moedas” para tentar aproveitar as festividades de final de ano sem entrar em colapso financeiro, a prefeita Adriane Lopes decidiu que nada como um Natal generoso para seus fiéis escudeiros. Mas não um Natal qualquer – um banquete farto, pago com dinheiro público, onde o prato principal foi um 13º inflado e regado a cifras que desafiam qualquer lógica administrativa.

No melhor estilo “presentão de fim de ano”, Adriane distribuiu aos seus secretários municipais um 13º equivalente ao salário da própria prefeita: R$ 21.263,70. O detalhe curioso? Alguns deles sequer completaram um ano no cargo, mas ainda assim foram premiados com o valor integral, como se tivessem trabalhado desde o primeiro dia do ano. Um verdadeiro espírito natalino… só que bancado pelo contribuinte.

Entre os agraciados com esse bônus dos sonhos, estão os secretários Andréa Alves Ferreira Rocha (Gestão), Anderson Gonzaga da Silva Assis (Segurança), Marcelo Miglioli (Infraestrutura) e José Mário Antunes da Silva (Ação Social). A queridinha da prefeita, a secretária de FinançasMárcia Helena Hokamafoi uma das maiores beneficiadas: seu 13º foi 89% maior que seu próprio salário! Isso mesmo, quase o dobro da remuneração para o seu cargo.

Nem a chefe de gabinete e concunhada da prefeita, Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes, ficou de fora da generosidade municipal. O grau de parentesco pode até ser mera coincidência, mas o fato é que seu 13º também foi elevado à categoria de “salário de prefeita”, superando em 22% seu subsídio normal. Quem disse que apenas os concursados têm estabilidade e privilégios?

Enquanto isso, a secretária de Saúde, Rosana Leite de Melo, viveu um curioso duplo padrão salarial. No Hospital Regional do Estado, onde trabalhou por dois meses, recebeu um 13º proporcional, conforme manda a legislação. Já na Prefeitura de Campo Grande, onde atuou a partir de março, teve a sorte de receber o abono natalino integral, como se estivesse na ativa desde janeiro. Uma gestão que, claramente, sabe recompensar seus aliados.

Curiosamente, nem todos os nomes da administração foram contemplados com a mesma generosidade. O secretário municipal de Governo, Marco Aurélio Santullo, recebeu apenas R$ 17.719,60, um valor menor do que o dos demais colegas, mas ainda assim superior ao seu salário mensal. Outro azarado foi Ademar Silva Júnior, secretário de Desenvolvimento Econômico, cujo 13º ficou abaixo do padrão de luxo da gestão.

Mas se tem algo que Adriane Lopes e sua equipe entendem, é de criatividade contábil. A prefeitura ignorou a recomendação do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que estabelece o pagamento de 1/12 do 13º por mês trabalhado. Na prática, os secretários e chefes de autarquia foram contemplados com um abono equivalente a quase dois anos de serviço. O espírito natalino da prefeita foi longe… talvez longe demais.

E enquanto os servidores comuns e a população sofrem com salários achatados e serviços precários, a cúpula da administração municipal segue usufruindo de privilégios surreais, sustentados pelo dinheiro público. Campo Grande pode não ter recursos para melhorar a saúde ou investir na infraestrutura, mas sempre há espaço para recompensar os fiéis companheiros da prefeita.

Afinal, quem precisa de reajuste para professores, médicos, enfermeiros e guardas municipais quando se pode garantir um Natal milionário para os amigos do Paço Municipal?

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