Enquanto os campo-grandenses enfrentam filas intermináveis na saúde pública, buracos nas ruas e falta de vagas nas creches, um seleto grupo de servidores vive uma realidade bem diferente. Na administração da prefeita Adriane Lopes, a crise financeira não parece atingir aqueles que gozam de sua generosidade – especialmente os membros do exclusivo Clube dos Privilegiados do Paço Municipal.
O caso mais emblemático dessa farra com o dinheiro público envolve a secretária de Finanças, Márcia Helena Hokama. Em abril de 2024, seu salário bruto foi de R$ 11.619,70. Mas, como num passe de mágica, o valor líquido em sua conta bancária foi de inacreditáveis R$ 27.151,47. Alguma nova matemática foi inventada na prefeitura? Nada disso. Trata-se de pagamentos extras que, convenientemente, não aparecem no Portal da Transparência.
Entre os penduricalhos, Márcia embolsou R$ 4.133,83 como indenização de transporte – embora uma camionete Ranger novinha vá buscá-la e levá-la para casa todos os dias. Para completar a bonança, recebeu R$ 14.356,27 de bônus por superação de metas. Quais metas? Essa é a pergunta que ninguém responde.
Mas o escândalo não para por aí. Em apenas 14 meses, a secretária de Finanças acumulou R$ 800 mil, dos quais R$ 466 mil vieram da folha secreta. A média mensal de R$ 57,1 mil representa um acréscimo de 168% em relação ao teto do funcionalismo municipal. Sim, Márcia Hokama recebe bem mais do que a própria prefeita.
E a criatividade da administração Adriane Lopes para premiar seus escolhidos não tem limites. Enquanto servidores da saúde, professores e guardas municipais lutam por reajustes e até mesmo pelo pagamento de direitos já reconhecidos na Justiça, a prefeita opta por garantir polpudos bônus a seus apadrinhados.
O Tribunal de Contas do Estado identificou uma discrepância de R$ 386 milhões nas despesas com pessoal da prefeitura. Mas, em vez de qualquer punição, a prefeita assinou um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) que, claro, não foi integralmente cumprido. Quando se trata de distribuir vantagens, a prefeita é rápida. Mas quando precisa ser fiscalizada, a agilidade é digna de um bicho-preguiça.
Enquanto isso, a cidade segue em colapso. A população padece com a falta de medicamentos, a precariedade dos serviços e a completa ausência de investimentos em infraestrutura. Mas Adriane Lopes não parece muito preocupada. Já a Márcia, muito menos!
A secretária passou quase um mês nos Estados Unidos passeando com a neta, depois seguiu para o Japão por duas semanas e, na volta, deu uma esticadinha em Dubai. Vida dura, não?
E mesmo com essa agenda internacional agitada, Márcia recebe auxílio-transporte de quase R$ 5.000, além de contar com um motorista particular – um guarda municipal, que fica à sua disposição 24 horas por dia. Ele não apenas dirige a camionete de luxo, mas também abre a porta para ela entrar e sair do veículo, além de cuidar do portão da casa da secretária.
Diante de tudo isso, resta a dúvida: até quando os campo-grandenses aceitarão financiar essa festa particular de Adriane Lopes e seu seleto grupo de privilegiados? Enquanto a população sofre, o dinheiro público segue tendo destino certo – e não é para quem realmente precisa.
(Foto: Izaías Medeiros/CMCG)