Marajá faz a festa com o dinheiro do povo

Campo Grande está em festa! Mas não para o cidadão comum, e sim para a prefeita Adriane Lopes (PP) e seus aliados. Com a manutenção do generoso salário de R$ 41.845,80, ela se torna a prefeita mais bem paga do Brasil, superando todos os seus colegas das capitais e os 5,5 mil prefeitos do país. Enquanto isso, o município segue capengando na saúde, na educação e na segurança. Prioridades, né?

E não é só ela que está rindo à toa. Outros 446 servidores municipais também entraram na onda do aumento e vão desfrutar de um reajuste de 96,7%. O impacto só neste mês? Apenas R$ 9,179 milhões. A crise é para poucos!

A farra dos salários foi aprovada pela Câmara Municipal lá em fevereiro de 2023, mas a polêmica pegou fogo agora, com a entrada em vigor do aumento. Curiosamente, apenas no dia 15 de janeiro deste ano, dois anos após o escândalo, Adriane recorreu à Justiça para suspender o reajuste. O motivo? Não houve estimativa do impacto no orçamento, como manda a Constituição. Pequeno detalhe, né?

O desembargador Odemilson Roberto Castro Fassa, porém, não caiu na pressa repentina da prefeita. Ele decidiu ouvir o presidente da Câmara, vereador Papy, e o Ministério Público antes de tomar qualquer decisão. Enquanto isso, os contracheques seguem inflando.

E falando em contracheque, Adriane Lopes, além de liderar a lista de prefeitos marajás, vai ganhar mais que 26 dos 27 governadores do Brasil. Para comparar: o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), tem um salário de R$ 35.462 para comandar um orçamento quatro vezes maior e 79 municípios. Mas quem precisa de coerência?

E os aumentos seguem a todo vapor. A vice-prefeita Camila do Nascimento Oliveira (PP) agora embolsa R$ 37.658,61, um reajuste de 136%. Os secretários municipais também tiveram um belo salto no salário: de R$ 11.619,70 para R$ 35.567,50, um aumento de 206%. Para que ganhar pouco, não é mesmo?

A conta, claro, fica para a população. O impacto mensal na folha de pagamento da prefeitura será de R$ 9,179 milhões. Ao longo do ano, isso soma R$ 110 milhões. Em quatro anos, o rombo será de R$ 440 milhões. Isso tudo em uma cidade onde o município não consegue nem garantir fraldas e alimentação para crianças com deficiência. Mas a prioridade parece ser outra.

Para os servidores de base, no entanto, a generosidade desaparece. Enfermeiros seguem na luta pelo adicional de insalubridade, e os guardas municipais continuam sem a periculosidade reconhecida. Parece que não sobrou nada do orçamento para eles.

A prefeitura alega crise financeira para cortar serviços essenciais, mas quando o assunto é o próprio bolso, a criatividade contábil aflora. O recado da gestão Adriane Lopes é claro: dinheiro há, mas só para quem está no topo.

Enquanto isso, a cidade segue esperando por soluções para os verdadeiros problemas. Mas talvez seja pedir demais. Afinal, gerir um orçamento bilionário deve ser bem cansativo. Melhor fazer isso com um aumento de 96,7% no contracheque.

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