A prefeita Adriane Lopes parece estar brincando de “amigo secreto” com a Prefeitura de Campo Grande. Até agora, apenas os “queridinhos” da gestora foram agraciados com cargos de confiança, deixando os “desapadrinhados” na fila do esquecimento. A recente edição extra do Diogrande trouxe a nomeação de mais de mil servidores comissionados, mas é claro que a prioridade foi para aqueles com padrinhos fortes na administração municipal.
Curiosamente, a prefeita fez questão de contemplar setores como a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Gestão Urbana e Desenvolvimento Econômico, que recebeu impressionantes 146 servidores nomeados. Um setor estratégico, sem dúvida, mas que deixa a sensação de que, para alguns, a prioridade não é exatamente o bem comum.
Afinal, com mais de mil nomes na lista, seria pedir muito um pouco de transparência nos critérios de escolha? Ao que tudo indica, não foi o mérito ou a competência que pesaram na decisão, mas sim o quão próximo se está da prefeita ou de seus aliados mais influentes.
O mais curioso é que, mesmo após tantas nomeações, ainda existem aqueles que continuam aguardando por um espaço. Esses desapadrinhados, sem padrinhos políticos ou laços estreitos com o poder, vão ficando para trás, enquanto os “escolhidos” desfrutam de seus novos cargos e todas as vantagens que eles proporcionam.
E para deixar o cenário ainda mais divertido, o pagamento desses “premiados” comissionados pode nem mesmo entrar na folha do mês de fevereiro. Isso porque a folha de pagamento já foi fechada antes das nomeações. Resta agora a esperança de que o salário venha em folha suplementar ou, quem sabe, só em março. Enquanto isso, os nomeados aguardam pacientemente, confortados pelos seus padrinhos.
Não se pode esquecer que os cargos de confiança são, por definição, de livre nomeação e exoneração. Ou seja, é a prefeita quem manda, literalmente. E se ela quiser dar preferência à sua própria lista de “VIPs”, quem somos nós para questionar?
Talvez o que cause mais incômodo é a falta de compromisso com a inclusão de profissionais qualificados e diversificados. A administração municipal deveria ser um reflexo da sociedade que representa, mas, no ritmo que as coisas estão, parece que alguns são mais “sociedade” que outros.
O que não é novidade é o padrão de gestão que privilegia relações pessoais em detrimento da competência técnica. Infelizmente, quem paga a conta desse favoritismo é o contribuinte, que continua a esperar soluções reais para os problemas da cidade enquanto os “apadrinhados” ocupam seus novos escritórios.
Fica a esperança de que, em algum momento, a prefeita decida estender a mão também aos “desapadrinhados”, porque Campo Grande precisa de mais do que apenas os “queridinhos” do poder. A cidade precisa de uma administração que priorize o interesse público e não apenas as relações pessoais e políticas.
A prefeita Adriane Lopes ainda tem tempo para mudar o rumo dessa história. Resta saber se estará disposta a enxergar além do seu círculo de confiança e agir em benefício de toda a população campo-grandense.